[Resenha] Mentirosos, de E. Lockhart

by - janeiro 29, 2015

Mentirosos - Saraiva

Autor: E. Lockhart 
Editora: Seguinte 
Páginas: 272 
Sinopse: Os Sinclair são uma família rica e renomada, que se recusa a admitir que está em decadência e se agarra a todo custo às tradições. Assim, todo ano o patriarca, suas três filhas e seus respectivos filhos passam as férias de verão em sua ilha particular. Cadence - neta primogênita e principal herdeira -, seus primos Johnny e Mirren e o amigo Gat são inseparáveis desde pequenos, e juntos formam um grupo chamado Mentirosos.
Durante o verão de seus quinze anos, as férias idílicas de Cadence são interrompidas quando a garota sofre um estranho acidente. Ela passa os próximos dois anos em um período conturbado, com amnésia, depressão, fortes dores de cabeça e muitos analgésicos. Toda a família a trata com extremo cuidado e se recusa a dar mais detalhes sobre o ocorrido… até que Cadence finalmente volta à ilha para juntar as lembranças do que realmente aconteceu.
Com a enorme quantidade de pessoas lendo esse livro, fiquei curiosa e decidi lê-lo, sem noção de nada. E foi bem diferente do que eu esperava, justamente por essa falta de expectativa e pela surpresa em relação a história, o rumo que tomou. Assim, decidi falar o que achei dele, mesmo tendo ficado sem palavras para descrever essa leitura.
Bem-vindo, mais uma vez, à bela família Sinclair.
Acreditamos em exercícios ao ar livre. Acreditamos que o tempo cura.
Acreditamos, embora não digamos de maneira tão explícita, em remédios controlados e drinques antes do jantar.
Não discutimos nossos problemas em restaurantes. Não acreditamos em demonstrações públicas de angústia. Nosso lábio superior é rígido e é possível que as pessoas fiquem curiosas a nosso respeito porque não abrimos o nosso coração.
Uma das coisas que mais me fez chocar com o livro foi a “perfeição” da familia Sinclair e como, aos poucos, ela foi fragmentada com um fundo que levou a muito mais tragédia do que o leitor poderia esperar. A melhor prova disso? A protagonista, que parece tão quebrada como se algo faltasse, e, de certa forma, não entendemos o motivo, aumentando nossa angustia com essa situação.

Quanto a esse desenrolar, somos apresentados as memórias e quando achamos que finalmente compreendemos o enredo, algo novo surge e a quantidade de questionamentos aumenta, até que, aos poucos, os acontecimentos se interligam, explicando-se e solucionando-se.
Johnny é estalo, iniciativa e sarcasmo.
Mirren é açúcar, curiosidade e chuva.
Gat é contemplação e entusiasmo. Ambição e café forte.
Os mentirosos, em si, são personagens que valem pela história toda. Vivem, durante o verão, como se estivessem alheios ao resto do mundo, aproveitando bastante. Cada um com uma personalidade, cada um tendo um elo com Cadence, o que os torna ainda mais próximos do leitor. Adorei como todos os relacionamentos foram bem desenvolvidos e realistas, fazendo com que a situação se tornasse ainda mais verdadeira.

Quanto aos outros personagens, principalmente da família Sinclair, são tão humanos quanto qualquer um, por mais que tentassem mostrar uma figura de perfeição. As consequências do materialismo excessivo e dessa vida “ideal” deixa marca em todos, ainda, de certa forma, tornando-os pessoas melhores. 
Aja como uma pessoa normal, ela disse. Agora mesmo.
Porque você é. Porque você pode ser.
Com uma leitura fluída e bem rápida, deixando-nos angustiados para entender  o acidente e aquele verão misterioso, o final de Mentirosos foi o que mais me deixou sem palavras. Não poderia imaginar. Não estava pronta para aceitar aquela verdade, mas nem Cadence estava, então consegui sentir-me bem no lugar dela.
Deu para ver que gostei do livro, não é? Sim, sou muito mais uma leitura leve e agradável, da onde vou sair mais com risadas do que com o coração pesado, mas acho que valeu a pena e se você gosta desse tipo de história, grandes chances de gostar desse livro também. 

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